Quem apresenta a síndrome?

Uma parcela dos homens que usou o medicamento Finasterida 1mg. A Finasterida é um inibidor da enzima 5 alpha reductase que por sua vez é responsável, entre outras funções, por converter uma parte da testosterona em dihidrotestosterona (DHT). Ainda não se sabe qual a percentagem dos homens que são afetados, nem porque alguns são suceptíveis a desenvolver a síndrome e outros não.

O que é a Síndrome pós Finasterida?

É o conjunto de sintomas apresentado por homens que tomaram Finasterida 1mg para queda de cabelo, pararam de tomar o medicamento, e seus organismos não retornaram ao estado prévio. Mesmo após anos. Este medicamento provocou alterações em seus metabolismos e sistemas endócrinos.
Obs.: Não é necessário apresentar todos os sintomas para que isso caracterize a doença. A grande maioria dos homens que apresenta o problema desenvolveu apenas os sintomas sexuais (e muitas vezes apenas alguns dos sexuais). Em casos mais graves, o paciente desenvolveu, além dos sintomas sexuais, sintomas neurológicos, cognitivos e físicos. E existem casos ainda mais severos, em pacientes que tiveram esses sintomas agravados e esse quadro levou a outros problemas:
Sintomas sexuais
Libido:
Perda de interesse sexual, ausência de pensamentos sexuais.
Perda de sonhos eróticos

Ereções:
Disfunção erétil
Perda de ereções matinais
Perda de ereções espontâneas
Perda de ereções noturnas

Pênis:
Perda de sensibilidade no pênis
Diminuição no tamanho do pênis ereto
Encolhimento do pênis em estado flácido ("Shrinkage")
Doença de Peyronie em casos mais graves

Testículos e ejaculação:
Diminuição no tamanho dos testículos
Dor nos testículos
Diminuição do volume ejaculado
Ejaculação "aguada"

Orgasmo:
Perda de intensidade nos orgasmos
Dificuldade para atingir o orgasmo

Sintomas Físicos
Ginecomastia (crescimento anormal das mamas em homens)
Espasmos musculares
Fadiga, cansaço constante
Diminuição no aparecimento de acne
Pele seca

Sintomas Neurológicos
Perda ou diminuição na capacidade de memória comparado com antes
Dificuldades cognitivas (dificuldades de compreensão, resolução de problemas, processamento de informações, ex: realizar uma operação matemática, decorar um texto, aprender uma língua estrangeira.)
Voz embolada (em casos mais raros)
Insônia
Perda ou diminuição do estágio REM do sono (ausência de sonhos, sono mais leve)
Perda de excitamento com aspectos da vida, indiferença
Perda de motivação, ambição
Depressão, melancolia
Ansiedade extrema, ataques de pânico

Que hormônios, enzimas ou neurotransmissores são afetados pela síndrome?

Os homens afetados pela "SPF" apresentam alteração nos seguintes hormônios:
- Testosterona total -
Abaixo do que seria esperado para a idade do paciente. Em muitos casos, níveis tão baixos que caracterizam hipogonadismo
- LH e FSH -
Apresentam níveis hipogonadais de LH e FSH.
- Estradiol -
Muitos apresentam nível elevado do hormônio, o que não condiz com a idade do paciente.
-Prolactina -
Alguns pacientes apresentam nível elevado de prolactina. No entanto o MRI para investigar a possibilidade de prolactinoma não apresenta qualquer anormalidade.
-Androstenadiol Glucoronídeo (3 adiol G) -
O 3 adiol G é um hormônio derivado do DHT (hormônio inibido pelo Finasterida). Nos homens afetados pela SPF, o nível de Androstenadiol Glucoronídeo não retorna aos níveis anteriores. O resultado do exame de sangue do hormônio, nesses pacientes, é geralmente abaixo da escala ou um resultado muito baixo.
-TSH-
Alguns pacientes também apresentam baixo nível de TSH. No entanto, não é a maioria dos casos.
-Progesterona-
Como a Finasterida inibe a conversão de Progesterona em Allopregnanolona através da inibição da enzima 5 alpha reductase, um nível elevado de progesterona também é possível nesses pacientes.


Outros exames:
-Vitamina D -
Muitos pacientes com SPF apresentam níveis baixos de Vitamina D.
- Colesterol -
Esses pacientes apresentam resultado de colesterol elevado ou muito elevado.

Suspeitas:
- Zinco -
Existem especulações que o nível de Zinco também tenha sido afetado nesses pacientes.
-Dopamina-
Existe a suspeita de que a Finasterida reduza a produção de dopamina nesses pacientes. O fabricante do medicamento já adicionou depressão como um possível efeito colateral do remédio. Uma grande redução do nível de dopamina nesses pacientes também ajudaria a explicar o aparecimento de alguns sintomas sexuais.
- Allopregnanolona
Produzido através da conversão de Progesterona pela enzima 5alpha reductase, a Allopregnanolona é uma substância calmante, encontrada no cérebro. Há evidências, devido aos sintomas apresentados, que o nível de allopregnanolona nesses pacientes pode ter sido alterado pela Finasterida.
- Falha na modulação do sistema imunológico, agravada possivelmente pela queda abrupta do nível de testosterona.
Assim, o sistema imunológico do paciente passa  a defendê-lo em excesso, e este começa a apresentar alergias que podem ser alimentares ou problemas de pele. São comuns relatos de pacientes com a síndrome que passaram a ter sérias alergias alimentares. As mais comuns são glúten, leite e derivados, nozes. Se você apresenta efeitos da síndrome pós finasterida, é aconselhável fazer um teste de alergia com um médico especializado.
Outro sintoma que aponta para um problema no sistema imunológico, é a frequência, facilidade e intensidade com que estes pacientes apresentam reações inflamatórias.
- Estímulo exagerado na produção de Cortisol (Causa ainda indeterminada, mas pode haver relação com a queda no nível de testosterona)
Praticamente todos os relatos de pacientes sofrendo de Síndrome pós Finasterida apresentam a descrição do que chamam de "crash", que ocorreu imediatamente após a suspensão do tratamento com a Finasterida 1 mg nesses pacientes. Relatam um estresse muito grande, que muitas vezes se desenvolve para um episódio de ataque de pânico ou crise de ansiedade. Outro sintoma relacionado é a insônia ou sono leve e perturbado. Vale ressaltar aqui, que estes pacientes apresentaram tais sintomas de estresse agudo, antes de se informarem sobre a Síndrome pós Finasterida ou qualquer possibilidade de efeitos persistentes relacionados à Finasterida, eliminando assim a possibilidade de efeito placebo ou psicossomático.

O primeiro problema:

Pesquisadores relatam em várias publicações científicas que o mecanismo exato pelo qual o Finasterida pode alterar o comportamento sexual do homem é desconhecido:
 
A new look at the 5alpha reductase inhibitor Finasteride (2006):


5alpha reductase inhibitors and erectile dysfunction: the connection (2008):


 

O segundo problema:

Apesar desses pacientes apresentarem sintomas sexuais (além de exames clínicos) que caracterizam o hipogonadismo secundário, o tratamento com a terapia de reposição de testosterona, nos pacientes diagnosticados com Síndrome pós Finasterida, é totalmente inócuo. Não há nenhuma melhora do quadro de disfunção erétil, libido ou na percepção do paciente quanto aos seus sintomas. Não há diferença se o tratamento foi feito com injeções ou com gel transdérmico. Alguns pacientes foram submetidos a níveis suprafisiologicos de testosterona, sem nenhuma melhora.
Uma segunda estratégia, testada em pacientes com SPF que não se submeteram à terapia de reposição de testosterona, envolvia a administração de Clomid (Citrato de Clomifeno) ou Novaldex (Citrato de Tamoxifeno). O objetivo era estimular o eixo Pituitária- Gônadas e aumentar o nível de testosterona nesses pacientes. Em todos os pacientes, o nível de testosterona foi elevado com sucesso, a níveis considerados normais para a idade dos pacientes (geralmente entre 20 a 30 anos). No entanto, não houve qualquer melhora nos sintomas.
Esse quadro gerou especulações de que a Síndrome pós Finasterida pode ser um problema mais complexo, até mesmo de insensibilidade androgênica.

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